O prato
Por Rôndone Ferreira
Quando pensamos em cultura material percebemos que com o
passar do tempo, com o desenvolvimento e progresso, alguns objetos vão perdendo
a sua utilidade porque são substituídos por outros. Interessante pensar que,
numa cultura civilizada, a tecnologia aprimora algumas destas peças como por
exemplo a máquina de datilografia, substituída pelo computador. Podemos usar a
máquina de datilografia hoje como uma peça decorativa lembrando uma época.
Quando pensamos numa cultura mais primitiva, como a indígena, que esteja
vivenciando um processo de aculturação, também percebemos que passam pelo mesmo
processo com o agravante de extinção. Por exemplo, entre o povo Kariri-Xoco
antigamente usavam sua cerâmica especificamente como utilitária, cada panela
destinada a um tipo de alimentação. De certo deve haver situações que ainda
cozinham em tais panelas, porém as panelas de alumínio são as mais utilizadas
na atualidade. O que fazer então com o ofício de Louceiras e com as panelas e
peças de cerâmicas que produzem? É necessário fazer um remanejamento destes
produtos para que não sejam extintos da sua cultura material e consequentemente
não tenham sua identidade cultural e sua estória afetadas. Esse remanejamento
já tem sido feito ao venderem as panelas para restaurantes. E os pratos que
fabricavam antigamente para uso utilitário e foram substituídos pelos pratos
convencionais comprados nas cidades? Até onde sei são usados apenas como
suporte na fabricação de potes e alguma peça de cerâmica específica que
necessite mobilidade rodando o prato. Porém o prato pode servir de peça
decorativa quando pintado e colocado em cima de um móvel ou mesmo usado como
uma tela, pintando algum tema e colocando um suporte nele de forma que fique em
pé ou mesmo pendurado na parede.
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